Uma vez, eu estava na 1ª série, lembro bem, houve um teatro na escola. No dia do primeiro ensaio, a tia Cláudia nos reuniu no pátio para a escolha dos papéis. Lembro que estávamos arriscando nossas primeiras leituras e ser a narradora/o narrador da peça se tornou o papel mais cobiçado, porque todos, inclusive eu, queriam passar o tempo todo lendo.
Bem, tia Cláudia nos explicou como ela escolheria os papéis: aqueles que se interessassem iriam apenas levantar a mão e permanecer sentados e em silêncio como estávamos até então. O primeiro papel foi justamente o de narradora/narrador, ela mal terminou a pergunta quando TODOS, absolutamente todos, alunos se levantaram correndo e gritando ao redor dela querendo ser a voz da peça. Eu fui a ÚNICA que levantou a mão e permaneceu sentada. Certamente, fui escolhida para a narração e antes da decisão dela, ela afirmou que me escolheu por eu ter sido a única que respeitou o que ela havia pedido. Eu morri de felicidade e acho que foi daí que aprendi a não ultrapassar limites algum. Isso hoje me faz mal, antes eu tivesse levantado ensandecida, como os outros, em busca da minha vontade, na hora reprimida, e depois, graças a justiça da tia, alcançada. Só que o mundo daí pra frente, não foi tão justo assim e eu só me dei conta do erro da tia, em querer ensinar obediência num mundo cão, agora.

Comentários

Postagens mais visitadas