tag:blogger.com,1999:blog-36814508967036208632024-03-13T06:09:37.043-07:00Solúvel em tempoGabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.comBlogger78125tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-7420160704771060182018-01-17T14:39:00.001-08:002018-01-18T10:39:52.776-08:00desejo, lugar e tempoDeixa de fazer sala<br />
que te quero quarto<br />
Deixa de dizer farsa<br />
Teu impulso é em contrário ato<br />
<br />
Nem olhe pra trás ou pra frente<br />
A gente é dádiva do presente<br />
<br />
Enquanto o tempo escapa<br />
a gente: mergulho ornamental<br />
intensamente<br />
dentro e sobre nós, atemporal<br />
<br />
Te degusto aqui<br />
e alhures, desejo em desmedida,<br />
desconhecida vontade,<br />
ante a já vivida,<br />
agora nova descoberta<br />
pele latejante em lembrança de ti<br />
<br />Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-32673490849229088602017-11-17T02:34:00.001-08:002017-11-17T02:35:41.675-08:00Dentro do Marela cansou e foi embora<br />
sozinha preferi<br />
acenar de dentro do mar<br />
<br />
ninguem queria sair ferida<br />
ninguém queria sair bandida<br />
<br />
então, resolva essa trama<br />
enquanto há chama<br />
para esquentar<br />
<br />
mas não pense que não me atino,<br />
claro que sim!<br />
<br />
quero apostar no instinto<br />
que mais que um amigo<br />
é destino visceralGabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-86404082569989934102017-10-24T04:00:00.000-07:002017-10-24T04:03:48.627-07:00Contraste<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Homem preto</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Vestido de branco</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Deitado no chão</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Barriga vazia</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Pedindo cachaça e pão </span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Miséria singular</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal; min-height: 20.3px;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Homens brancos</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Vestidos de preto</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Em pé no balcão </span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Degustando café</span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">Que levantam com a mão </span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;">do relógio de ouro </span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
</div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
Ostentação plural</div>
<div style="color: #454545; line-height: normal;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545; line-height: normal; min-height: 20.3px;">
</div>
<div style="color: #454545; line-height: normal; min-height: 20.3px;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;"></span></div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-68505205118512717342017-10-08T18:59:00.004-07:002017-10-08T19:01:03.930-07:00Infância embrulhada em bala Juquinha<div style="text-align: justify;">
Ela entrou no vagão e trouxe mais quatro, três precisamente, Stéphany já vinha só. Uma ainda não falava, os do meio estavam aprendendo <i>a ser gente </i>e toda hora ela os corrigia ou reprimia sua vontade pulsante de simples movimento. Andavam pelo vagão ou então ameaçavam sair do trem a cada nova estação. E Stéfany, embora aparentando algo em torno de dez anos, trazia nas costas uma grande mochila carregada de roupas, fraldas, apetrechos e responsabilidades de ser a irmã mais velha e a auxiliar de sua própria mãe.</div>
<div style="text-align: justify;">
Naquele instante de nossa convivência, a ela era negada a infância em troca do cuidado dos irmãos, algo não muito debatido ou conversado, apenas a natural cadência da realidade e sua mãe não deixava de reconhecer sua infância, apenas precisava confiar a ela a guarda partilhada de seus irmãos, pois sozinha o fardo era enorme, ainda mais sob o temporal que caía lá fora. Eles todos entraram encharcados no vagão. Os pés das crianças enrugados entre as fitas das gastas havaianas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Diante de toda a dificuldade daquela mulher negra, cujo olhar transmitia um misto de cansaço latejante e de dignidade, sua expressão poderia ser de lamento, mas era de alegria. O baleiro passou vendendo Juquinha. Ela pediu a tradicional, <i>do seu tempo</i>, a amarelinha, comprou e as crianças, inclusive Stéphany, entraram em polvorosa. Aquela mulher sabia confortar os filhos, especialmente naquele dia frio e chuvoso. Stéphany ganhou três balinhas, os demais uma, até a bebê que mal sequer tinha dentes, a mãe trabalhou seu paladar para o doce <i>do seu tempo, </i>dividindo em quatro partes para ela, porém para minha surpresa, ela já identificava o sabor e o prazer da balinha. </div>
<div style="text-align: justify;">
Todos aprovaram o presente da mãe no momento que meu contato/invasão visual já era indisfarçável. Ela conversou comigo sobre o quanto aqueles meninos davam trabalho, ao mesmo tempo em que pregava um deles no banco, porém impossível mantê-lo sentado, o movimento devia ser instintivo para aquecer naquele frio todo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na hora da despedida, eu e Stéphany trocamos olhares, ali tentei transmitir toda minha empatia e compreensão, a ajudei a colocar a alça da enorme mochila nas costas e lembrei das tantas vezes que fui incumbida a ajudar minha mãe nos cuidados do meu irmão, interrompendo um pouco a infância, mas aprendendo o valor da cumplicidade e criando laços de confiança com minha mãe, ainda é isto, né, a história das mulheres cuidadoras nos pegou em parte por sermos as mais velhas. e, por óbvio , mulheres.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eles levantaram, a mãe acompanhou meu gesto e agradeceu por Stéphany, que saiu primeiro, sem se despedir, pois tinha que ajudar a descer seus irmãos - em algumas estações há um desnível entre a plataforma e o trem de quase 30 cm sem contar a distância. Todos desceram, voltaram para a chuva com um gostinho de bala Juquinha na boca, inclusive a mãe que certamente resgatou no doce um pedacinho da sua infância, há muito perdida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-28806536203373127382017-06-26T14:51:00.000-07:002017-08-23T05:14:14.321-07:00A social<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Na interação social</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente baforando</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente contado mentira</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente flertando com o espelho</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Ou presa no black mirror</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente louca dando pinta</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente pulando pra aparecer no stories do insta</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente gargalhando</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente do lado de outra gente </span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Sem a menor vontade de interação </span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente laricando</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Gente batendo ponto</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Mas o melhor mesmo</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">É aquela gente esquisita</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Que não sabe onde por as mãos</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">E estranha muita gente</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Estranha a muita gente</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Essas são que ganham</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Meu capricorniano coração </span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Não sei dizer a razão </span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Sei que a cachaça cai no chão</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">E essa gente nem liga</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Pq elas têm certa onda própria</span><br />
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Nem precisam de birita</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Costumam ser as mais divertidas</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">Repito pra não esquecer </span></div>
<br />
<div style="color: #454545; font-family: '.SF UI Text'; font-size: 17px; line-height: normal;">
<h2 style="text-align: justify;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 17pt;">O quanto curto gente esquisita</span></h2>
</div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-73076064389949722902017-05-08T17:22:00.005-07:002017-05-08T17:22:51.428-07:00Pele<div style="text-align: center;">
Pele</div>
<div style="text-align: center;">
Órgão sensível ao toque</div>
<div style="text-align: center;">
resseca, estica, afrouxa</div>
<div style="text-align: center;">
Órgão sensível ao corte</div>
<div style="text-align: center;">
Navalha, vidro, cerol</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Queima ao fogo</div>
<div style="text-align: center;">
dá bolha, enche d´água</div>
<div style="text-align: center;">
Fogo cria água na pele queimada</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
E fere no corte, no furo, no fogo</div>
<div style="text-align: center;">
E cura.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Cicatriz é resistência</div>
<div style="text-align: center;">
É prova de superação</div>
<div style="text-align: center;">
Cicatriz é resiliência</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Pele sobre pele</div>
<div style="text-align: center;">
Mais forte que a d'antes ferida</div>
<div style="text-align: center;">
Pele, capa da vida</div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-14232210735671720942016-11-30T13:48:00.004-08:002016-12-31T05:58:27.157-08:00O carregador <div style="text-align: justify;">
Desci na estação general osório, pela saída do complexo. Num carro, um pancadão estourava os autofalantes, me lembrou Irajá em plena Ipanema, gostei. Andei em direção à praia, na mesma calçada, um menino de uns 12 ou 13 anos vinha ao meu encontro. Seu jeito de andar era autêntico, passos firmes, ombros dançantes, rosto fechado. Aliás, nem tão autêntico assim, replicava um pouco o jeito da figura do malando ao mesmo tempo em que expressava ameaça. Ele queria ser despojado e temido, talvez para se livrar de um provável bote, pois na cadeia alimentar social, ele sabe bem onde se encontra. Daquelas ideologias do abandono do "não tenho nada a perder". Ainda falava sozinho, bravejava num tom não muito alto, palavras incompreensíveis. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não tive medo, como já senti algumas vezes de meninos como ele, fiquei apenas analisando sua postura e tentando extrair o sentido daquilo tudo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era óbvio: sobrevivência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pessoas desviaram dele. Pessoas brancas, moradoras da parte de baixo do bairro? Não sei se moradoras, mas aparentavam. Ele passou em frente ao hortifruti. Na porta, uma mulher em seus 50 e tantos, gorda, negra, estava parada com duas sacolas cheias. Assim que o menino passou, ela entendeu ser uma oportunidade, o que para muitos soaria como perigo. Gritou: "Oh menor! Ajuda </div>
<div style="text-align: justify;">
a tia aqui carregar as bolsas." Naturalmente ele atendeu ao chamado: ele <i>era </i>o menor. Virou, voltou uns passos e, ainda falando sozinho, pegou uma das sacolas e pôs no ombro. Olhou para ela, ali houve cumplicidade. Nem aquela mulher sofreria ao carregar duas sacolas, nem aquele menino seria invisível ou desprezado. Ela continuou "vamo até ali a ladeira...". Eu já estava um pouco distante, não queria olhar para trás e participar da conversa alheia, preferi respeitar o espaço deles, como respeitaria de qualquer outra pessoa desconhecida, em qualquer outro diálogo não opressor como este. Mesmo o mundo <i>por medo</i> desviando daquela criança, quando cruel, desprezando sua existência,?aquela mulher confirmou pra ele sua humanidade e, provavelmente, na despedida ainda lhe deu uns trocados.</div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-67949827273692134492016-07-05T18:24:00.000-07:002016-07-06T11:09:26.417-07:00Uma vez, eu estava na 1ª série, lembro bem, houve um teatro na escola. No dia do primeiro ensaio, a tia Cláudia nos reuniu no pátio para a escolha dos papéis. Lembro que estávamos arriscando nossas primeiras leituras e ser a narradora/o narrador da peça se tornou o papel mais cobiçado, porque todos, inclusive eu, queriam passar o tempo todo lendo.<br />
Bem, tia Cláudia nos explicou como ela escolheria os papéis: aqueles que se interessassem iriam apenas levantar a mão e permanecer sentados e em silêncio como estávamos até então. O primeiro papel foi justamente o de narradora/narrador, ela mal terminou a pergunta quando TODOS, absolutamente todos, alunos se levantaram correndo e gritando ao redor dela querendo ser a voz da peça. Eu fui a ÚNICA que levantou a mão e permaneceu sentada. Certamente, fui escolhida para a narração e antes da decisão dela, ela afirmou que me escolheu por eu ter sido a única que respeitou o que ela havia pedido. Eu morri de felicidade e acho que foi daí que aprendi a não ultrapassar limites algum. Isso hoje me faz mal, antes eu tivesse levantado ensandecida, como os outros, em busca da minha vontade, na hora reprimida, e depois, graças a justiça da tia, alcançada. Só que o mundo daí pra frente, não foi tão justo assim e eu só me dei conta do erro da tia, em querer ensinar obediência num mundo cão, agora.Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-64144228485495138422016-06-13T17:33:00.002-07:002016-06-13T17:33:49.803-07:00Efeitos Metá Metá*A noite surge linda, está fria, congelante em alguns momentos, no entanto, doce. O frio permite que experimentemos partes e extremos dos nossos corpos de forma singular, por vezes até dolorida, porém viva. Plenamente viva (antes de congelar), por isso as sentimos intensamente.<br />
Nesta noite de frio, tive novamente o prazer de mergulhar no rio do Metá Metá, percorrer seus caminhos, descobrir seus mistérios. Experenciar um pouco a vida a partir de sua perspectiva.<br />
É incrível notar e trocar sua energia, essa onda que interrompe o ciclo, por vezes automático, da existência, nos permite sentir cada s-e-g-u-n-d-o; ouvir cada nota, compreender cada sílaba cantada, receber o afeto de todos os sorrisos presentes. Isto é engrandecedor! É revolucionário!<br />
<br />
É tocar, por um momento inesquecível, o horizonte da liberdade. Ali concreta, ali real.<br />
<br />
*rabiscos após o show do metá metá, inesquecível e catártico.Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-12873007392369729912015-10-23T14:35:00.001-07:002016-05-13T06:50:36.956-07:00Inimigo do Trem<div>
Ele congelou no meio do vagão. Seu sapato de couro, roto, possuía uma espécie de fivela dourada, cujo formato era abstrato aos meus olhos, e brilhava. A desbotada calça jeans compunha sua indumentária, bem como uma blusa polo azul portadora de algum desses logos de "roupa de marca". O trem chegava à estação justamente no momento em que eu olhei para o seu rosto. Havia um olhar assustado, ou melhor, receoso e, ao mesmo tempo, malicioso. Não queria ser pego; afinal, sua mercadoria custou dinheiro. Era um investimento. Através de sua venda, conseguiria os necessários trocados diários que lhe permitiriam comprar uma comida, ou somar na conta da luz, ou tomar uma cervejinha na porta de casa no fim do dia. A cada metro adentrado na estação, seus olhos rapidamente se deslocavam em busca da figura do carrasco - nessa profissão, até hoje, não vi nenhuma mulher. O homem, vestido de colete amarelo florescente, é investido de autoridade o suficiente para retirá-lo do vagão, consequentemente, da estação e, por óbvio, impedir as vendas. Fica, nas entrelinhas do cotidiano, o (abuso de) poder de tomar sua mercadoria, pela ausência de nota fiscal. Outro (abuso de) poder de dar uns empurrões, quando não uns tapas na cara do ambulante. Assim, com a devida parcela de sadismo, o sujeito do colete fluorescente desconta neles um pouco desse ressentimento de ser explorado sem ter a quem explorar. De ser mandado sem ter em quem mandar. De ter que trabalhar dentro da ordem, sem poder burlar. O ambulante não é a vítima em questão, ele está de olho na estação principalmente para se poupar disto.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Há um tempo, venho observando um movimento diferenciado de ambulantes que desfilam pelos vagões de blusas azuis, onde se lê: "amigo do trem". Eles foram cadastrados e autorizados pela SuperVia a vender suas mercadorias de forma legalizada nos trens. Se há os amigos, na minha percepção, todos aqueles não cadastrados são necessariamente os inimigos. O amigo acima é inimigo, porém não quer inimizade, só quer vender seu chocolate.</div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-83692933184538022672015-06-28T18:19:00.001-07:002015-06-28T18:19:42.519-07:00"Essa ternura bruta que destrói por excesso inábil de amor."<br />
<br />
Obrigada Caio, onde quer que você esteja, sou eternamente grata por sua sensibilidade e simplicidade.<br />
<br />Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-79152663637660684022015-06-14T19:03:00.000-07:002015-06-14T19:03:18.177-07:00Noite em PaquetáÉramos cinco. Estávamos altos, envolvidos pela maresia do litoral de Paquetá. Relaxados e prontos a conhecer o fim da noite, era cedo, mas já tínhamos vivido muita coisa até ali - o tempo custa a passar naquela ilha. A vida fica mais apreciável. Chegamos no Nativa, seria nosso início do fim de noite. Eu já havia deixado de lado qualquer controle de hora, a última vez que olhei o relógio eram cravados 19h27, depois disso deixei o tempo correr, ou melhor, devagar, como é típico de lá. <br />
Sentamos na rua, o frio pegou, passados 15 minutos, decidimos entrar pra esquentar na pista. Éramos cinco, havia mais umas seis pessoas. Corpos comuns dançavam até tocar um singelo forró, brilharam duas pérolas. Elas dançavam de rosto colado, um leve suor escorrendo pelo pescoço, seus vestidos coloriam o gingado de seus corpos. Elas sorriam para si, apaixonando, sem querer, toda e qualquer alma que ali estava presente, foi intenso e belo. Havia história e confidência entre elas, aquela sincronia não deixava enganar. Ali redescobri o significado de encanto. Estarreci, todo o redor não importava mais. Elas reluziam. Elas conquistavam. Elas. Somente elas. Houve eternidade. E nada mais importou naquela noite de Paquetá.Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-7619127122367837022015-03-07T05:53:00.001-08:002016-04-24T19:29:02.974-07:00ContraprestaçãoOs olhos tremulavam, daqueles olhos que não conseguem se concentrar em um foco, pois a realidade a ser capturada é tamanha e não há tempo suficiente para absorver tudo. Ela veio em minha direção com aquele olhar em eterno terremoto, percebi tudo: vai me contar uma história sem pé nem cabeça e era tarde demais pra evitá-la, eu já tinha retribuído o olhar - aliás, sabe-se lá se o meu não treme um pouco também?<br />
Porém nenhuma história. Veio a mim e perguntou qual ônibus eu pegaria. "Caxias-Méier". "Batata!" ela deve ter pensado. "Eu vou pegar esse também..." (oh shit!) "... Faz o seguinte, eu tenho esse cartão especial, mas ele só passa se eu estiver acompanhada..." (mentira, eu sabia que não funcionava assim) "... Aí, você passa, eu passo e pronto."<br />
Na minha gritante ingenuidade, aquela senhora desacompanhada - que é a realidade de muitos em sua condição - queria me oferecer uma passagem gratuita, já que em algum canto da burocracia estatal, ela foi avaliada e considerada "especial" o suficiente para portar aquele pessoal e intransferível cartão. O que garantia seu deslocamento gratuito pela cidade. Sabe como é, os loucos também têm o direito de viajar, embora na regra do cartão especial, isso limita-se a oito passagens/dia nas linhas municipais e intermunicipais desta famosa cidade.<br />
Bom, foi um convite/demanda/ordem irrecusável. Inicialmente até tentei convencê-la de que não precisaria daquilo, porém eu não notei que eu fui a escolhida daquela manhã. O ônibus se aproximava e ela iria fazer de tudo para os fatos ocorrerem justamente como ela planejou. Dei sinal, o ônibus parou. Ela se jogou na minha frente, repetindo pela quinta ou sexta vez de que ela iria passar o cartão e eu passaria pela roleta como sua acompanhante; subiu na minha frente; passou o cartão. Aquela altura eu estava mais constrangida do que interessada em propor o contrário a ela. Passei na roleta, a cobradora nem deu sinais de desconfiar da fraude, talvez ela soubesse que eu não acompanhava aquela senhora solitária na sua loucura diária, mas sabia, mais do que eu, que não valeria a pena discutir, ela perderia. Caminhei pro primeiro assento que vi. Dez segundos depois, aqueles olhos cruzam novamente com os meus, em seguida, a indagação: "Filha..." (já criamos parentesco) "... É porque assim, você não teria dois real pra me dar, não?"<br />
Ah! Não há almoço, nem passagem grátis nesse mundo cão. Na hora não deu pra pensar muito. A solidariedade deve ser realmente limitada àqueles que querem ter bom coração ou ao menos a consciência leve. E o que esta senhora tinha? Uma absurda vontade de comprar um cigarro, um café? Sei lá, ela só não precisava provar pro mundo nenhuma bondade, tá aí talvez sua maior honestidade, mais real que a de muitos filantropos mundo a fora.<br />
Peguei as moedas que tinha, deviam somar um pouco mais de dois reais, entreguei a ela. A corrupção estava feita e a minha dívida paga.<br />
<br />Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-17086007177366030512015-01-07T10:07:00.004-08:002016-05-13T07:50:05.058-07:00MEDOO google invadiu minha vida e a de vocês também.<br />
O google nada sabe sobre minhas subjetividade, alegria, esperança (embora agora saiba um pouco dos meus medos) e ainda assim se faz íntimo ou ao menos presente.<br />
Acabei de abrir a página inicial do meu navegador e o google me desejou parabéns, com um doodle "especial" para mim.<br />
<br />
Até quando haverá intimidade? Temo não saber se isto ainda existe.<br />
<br />Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-37488632958940165822014-09-27T20:21:00.003-07:002014-11-14T10:00:23.234-08:00O movimento parece não ter fimO vício ou a necessidade são tão intensos e ilusórios que você pega o celular, ciente do que queira fazer, desbloqueia-o, transita pela tela inicial, clica no menu, abre a página original com todas as aplicações, passeia, passeia e passeia por ali, meio perdida, meio sem rumo, porém sem céu azul ou caminho qualquer.<br />
Toma ciência do que está fazendo e não se recorda das razões que te levaram a pegar no celular. Se frustra e, para a viagem não ser "inútil", abre o bloco de notas e escreve sobre isso.<br />
Claro, mais tarde, no wifi, publica; a fim de compartilhar o sentimento, esperançosa de que alguém se identifique, confortando-se em sentir-se menos só nesse caos civilizador.<br />
O movimento <i>parece</i> não ter fim.Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-61350468858249939232014-09-08T18:46:00.005-07:002015-03-07T06:22:20.893-08:00O triste olhar da esquecida idade<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: inherit;">Já não é novo o consenso que concebe a ideia de que a terceira idade é a melhor idade. Tenho muitas dúvidas sobre as razões que possibilitaram a criação de tal <i>slogan</i>. Como socióloga, é praticamente um dever profissional desconfiar de certas generalizações do senso comum. Sem perder a oportunidade, seríamos melhores humanos se não fosse um objetivo exclusivo da sociologia e das ciências sociais afins o questionamento dos valores e rumores culturais. <span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;">Enfim<i>, </i>c</span><span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;">uido do <i>slogan</i></span><i style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;">: </i><span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;">p</span><span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;">ara pessoas que trabalharam ao longo da vida em empregos médios e conseguiram relativamente salvar certa grana para o tão desejado período pós-aposentadoria, vindo este a partir dos 60 ou 65 anos de idade, é coerente afirmarmos que a terceira idade é, sem dúvida, a melhor das idades. Período que será tão bem aproveitado até quando o tempo permitir (tempo é substituível por Deus [e seus "homônimos], saúde [e todo seu conteúdo], grana, tédio, filhos etc.). </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Porém, dentre tantas verdades sobre a terceira idade, fato é que a cada nova(o) velhinha(o) que faz mais um aniversário, tornando-se o ser mais ancião registrado no mundo, alargamos mais o período que chamamos de terceira idade. Neste sentido, torna-se cada vez mais delicado uniformizar momentos da vida tão amplos e distintos entre si. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Digo isto porque hoje vivi um momento bastante desagradável. Aguardava ser chamada para a sala de fisioterapia, minha mais nova rotina para as próximas semanas graças ao querido joelho, quando uma das fisioterapeutas chamou o Seu Alceu. Sem resposta. Chamou novamente. Nada. Terceira vez... Surge no início da sala de espera, praticamente no encontro da outra sala, um velhinho, bem idoso mesmo, caminhando em seu tempo. Aquele era o Seu Alceu: homem alto, hoje curvado, branco, de expressão forte, cabelos brancos entre uns pretos que se esqueceram de branquear e sua bengala. A fisioterapeuta questiona se era ele o Alceu - acredito que como eu, seja seu primeiro dia, já que os demais pacientes são tratados de forma cordial com intimidades brasileiras - uma voz feminina responde: Sim, Alceu! Quando noto a presença de uma mulher quase terceira idade como seu Alceu que lhe apoiava por trás, fazendo-o caminhar com mais segurança. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Beleza, seu Alceu entregue, ato concluído! Eu deixo de observar a vida alheia e retorno à revista após o instante de distração. Mas não por muito tempo. Passados uns 3 minutos no máximo, retorna a fisioterapeuta a procura da acompanhante de seu Alceu. Bastou!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Foi o necessário para mentes brilhantes, como a minha e a do senhor ao meu lado, funcionarem para o mal. É incrível como somos seres apaixonados por um espetáculo, sendo este dramático melhor ainda. Começamos a cogitar o que poderia ter acontecido com o velhinho. Nessa altura a revista perdeu a graça, dando lugar à realidade que estava mais empolgante. E nada da acompanhante. A essa altura, eu pouco controlava minha tagarelice e fofocagem e quase me pus a perguntar a fisio. o que havia acontecido. Não resisti e esbocei com o senhor ao meu lado, na verdade, respondi sua pergunta, ele foi mais incontrolado que eu - e dizem que são as mulheres as fofoqueiras, outro falso senso. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Mas a realidade foi pior do que eu consegui imaginar. Sério, passou pela minha cabeça que o velhinho teria desmaiado ou algo, não passou que ele tivesse morrido. Porém, fisicamente, ele não morreu. Socialmente, para mim, sim.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Antes mesmo da acompanhante reaparecer na sala - sabe lá Jah onde esta mulher foi - um funcionário da clínica entra a sala pelo corredor principal, puxando uma cadeira de rodas pela parte de trás, como se fosse uma mala de rodinhas. Ali, sentado e sendo arrastado, seu Alceu, com o olhar mais triste do mundo, cabisbaixo e indigno daquela condição de ser arrastado como um grande objeto que agora ocupa um cantinho da sala, ao lado da bancada de recepção da fisioterapia, aguardando calado e com o olhar no horizonte, sua acompanhante. Fiquei muito triste e muito constrangida. Neste ínterim, seu Alceu ainda precisou lidar com uma alma miserável, embora solícita. Uma das recepcionistas, sabendo o que havia acontecido lá dentro, ofereceu-lhe um copo da água. Prontamente ele respondeu "Não!" Soou tão igual a um "Me deixa em paz, queria estar em casa."</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Acredito ter passado dois ou três minutos quando ressurgiu a acompanhante perguntando o que havia acontecido. Daí, naquela saleta, éramos todos ouvidos, além de curiosos, preocupados em saber o que então tinha acontecido com seu Alceu para sair tão rapidamente da sala de fisioterapia. Me espantou o silêncio que prevaleceu no ambiente, antes recheado de burburinhos, nesse momento além da fisioterapeuta, apenas a repórter na TV ousou falar junto, mas a ela não sobrava mais nenhuma atenção. Todos os ouvidos estavam voltados à primeira.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: inherit;"><span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;">"Seu Alceu vomitou lá dentro, mas por que mesmo? Porque não comeu nada!" A acompanhante prontamente respondeu, a fim de se livrar do esporro indireto: "Eu disse a ele que ele tinha que comer, não quis, vou fazer o quê?" "Pode isso seu Alceu?" O velho já puto de ser tratado igual criança, respondeu sem gritar: "Não tô com fome, vou comer pra quê? Vamo acabar logo com isso, quero ir pra casa!" A essa altura quem não iria querer? Deixaram um representante da melhor idade, largado, esquecido em um canto, enquanto sua (ir)responsável não aparecia; expuseram sua sensível condição a todos que quisessem ouvir; trataram-no feito criança. E quem ele era? Que importava sua dignidade? o que importa é a saúde. </span><span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;"> Qual a conclusão que as duas senhoras chegaram acerca do destino de seu Alceu? </span><span style="line-height: 15.3599996566772px; white-space: pre-wrap;">Não foi naquele instante pra casa, antes iria fazer a fisioterapia. Por coincidência ou destino, fui chamada na segunda vez que seu Alceu entrou pra sala de fisioterapia.</span></span></div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-90646099685814113492014-07-09T07:36:00.002-07:002014-07-09T07:44:46.812-07:00loucuraA vantagem de ser uma metamorfose viva é que você é feliz com sua mais nova verdade dos próximos quinze (minutos, dias, meses ou até anos), apesar dos outros não (a)creditarem (em) suas verdades.<br />
<br />
Mas, o lema não é mesmo "meu corpo, minhas regras"?. (Dá-lhe politicamente correto)<br />
<br />
Então, por que tamanha exigência de crédito externo? (Dá-lhe você deve acreditar em mim porque sou cientista.)<br />
<br />
Para mim, fica clara a sutil diferença entre construir uma identidade e construir uma imagem.<br />
<br />
Há os que preferem imagem a identidade; estes se ocupam demais em defender ideias que, muitas vezes, nem são suas.<br />
<br />
Há os que admitem que a identidade é um valor em si (sei), quase que não se constrói - no sentido racional e objetivo - mas apenas se vive - de forma passional (e real e hare hare).<br />
<br />
Mas não se tratam de escolhas tão fechadas. Sei que a humanidade não é tão essencial tampouco fechada, por isso não acredito na real existência de algum dos "os que". Não sei muito bem por onde piso e nem onde quero chegar, a certeza é a necessidade de continuar e se for preciso mudar que seja, sem receio de ser mal interpretada. Afinal, só existo enquanto acreditar em mim. E quem mais o fará? Não importa.Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-72523782607717491852014-04-25T18:27:00.000-07:002014-04-25T18:28:57.805-07:00CharadaO que é, o que é: quanto mais afrouxa, mais aperta?<br />
<br />
Capotraste!<br />
<br />
#regressandoàinfancia<br />
#eufizumacharadaGabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-79669311210528664582013-12-10T19:14:00.003-08:002016-02-19T17:36:39.030-08:001919<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 20px;">"... pois poucos me apoiaram,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 20px;">por estes, cultivo amor e sou grato, estou lá por eles,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">muitos outros, após o incidente, passaram a tratar-me como alguém em que não se pode confiar, alguém inferior e acreditei no tratamento deles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Percebo que em momentos como este de maior solidão, ainda que eu ame e sinta-me amado por pessoas tão especiais e suas idiossincrasias, isto sempre vem à tona, como uma </span><i style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">auto-inquisição</i><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">, onde eu prefiro acreditar no manifesto dos outros, do que acreditar em minha própria ética, moralidade e senso de humanidade, em meu próprio </span><i style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">amor-próprio</i><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; line-height: 20px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">É ainda pior que ser espancado, as dores físicas passam, ficam marcas e lembrança onde não há mais sofrimento.</span></div>
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white;"><span style="line-height: 20px;"></span><span style="line-height: 20px;"></span><span style="line-height: 20px;"></span><span style="line-height: 20px;"></span></span><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">As dores incrustadas na alma, caso não sejam bem tratadas, nunca sararão e revoltam enquanto durar todo este pesar, enquanto eu mantiver viva esta crença nos outros, enquanto eu não me aceitar.</span><br />
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">(...)</span><br />
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Procuro adiante, nada vejo além de mim, sim, estou vivo! Esta é a única verdade."</span></div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-21545543055655920322013-08-21T11:08:00.001-07:002015-11-24T02:20:32.127-08:00Sonho meuHoje, conversava com minha mãe, enquanto ela comia cacos de vidro. Não lembro o que conversávamos, como sempre, e até em sonho, estive focada na mastigação, que me surpreendia bastante por conta da naturalidade dela, por isso não me ative ao resto. Nem mesmo sei onde estávamos.<br />
Devia ser doces, no mínimo, ela não fazia careta.<br />
<br />Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-34026884073524862812013-07-18T17:38:00.002-07:002013-07-18T17:38:53.546-07:00talvez mea voluntasquero parar de ter que <br />
<br />Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-3669317015417885382013-04-25T20:12:00.001-07:002013-04-26T06:47:40.093-07:00o bicho esta aqui foraEssa é a ultima imagem que tive do alucinado e perturbador sonho da noite passada. Alias, fazia um tempo que eu nao tinha um sonho tao agoniante.<br />
O cenario é minha casa, com pai, mae e irmao presentes e uma especie de boto amorfo. ele tinha duas patas, andava, mas nao tinha braços, nadadeiras ou algo do genero. possuia aqueles olhos e "olhar" amendrotadores de boto e era cinza.<br />
O problema todo, além da existencia dele ter me provocado grande angustia, era o fato dele estar me perseguindo, dentro da minha própria casa! Bem, em tempos cronologicos, nao sei o quanto aquilo durou, mas por momentos pareceu eternidade: a caça se voltando pro "caçador". Enfim, consegui aprisiona-lo do lado de fora de casa, por mais esquisito que isto soe - e, um adendo, nós somos sempre os herois corajosos dos nossos sonhos! Haha, nao tenho duvidas que Freud ou outro psicanalista vanguarda seu já 'digressou' soubre isto, como meus conhecimentos técnicos sao pouco profundos, deixo essa observaçao no ar. Enfim, tive a geniosa ideia de proteger os meus e fui, muito a contragosto de mim mesma, mas esforcei-me para tal, escrever um bilhete, escrevi em um espaço que ocupava toda a parte de cima da porta, por sinal, de entrada, para nós saída, afim de que eles nao se arriscassem no mundo la fora, daí que veio "O BICHO ESTA AQUI FORA". No entanto, o nao querer estava certo, nao deveria ter me arriscado, quando termino de escrever tal frase, apoiada na porta, ela cede e o bicho entra enfurecido!
Acordo com um grito, coraçao pulsante e querendo conforto.<br />
Reflexoes posteriores:<br />
- conto o sonho pra ele nao acontecer;<br />
- Qual bicho que devo apostar, mediante esta bizarrice da mae natureza?<br />
- nao tenho muita certeza se o boto só queria brincar comigo, igual fazem aqueles cachorros enormes que babam, mas prefiri nao duvidar das selvagens vontades do animalGabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-20707535981594813232012-12-19T16:13:00.000-08:002012-12-19T16:13:10.257-08:00Balanço do AnoEsse ano tirei férias do lazer e me dediquei a muitos modos de me ocupar, subvertendo tudo que aprendi sobre aprendizado e conhecimento, pois achei que comigo só funcionava apenas as formas formais de aprendizado.<br />
<br />
Resultado: estou exausta, com a sensação que minha memória está pifando muito mais e com fome.<br />
<br />
Ano que vem quero férias de tanta ocupação, pra me dedicar ao lazer.Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-82004606044303407402012-12-07T02:12:00.003-08:002012-12-07T02:12:45.236-08:00Em sono, sonho pesadelos.<br />
Acordo, levanto, suor no rosto,<br />
não sei se de calor ou de temor.<br />
<br />
Como fazer para ter sonhos leves?<br />
é a vida que levo? ou os parodoxos que nela se arranjam?Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3681450896703620863.post-58188177087937768822012-11-24T13:37:00.000-08:002012-11-24T13:37:00.662-08:00reclamações do cotidiano contemporâneoO tempo que passa, que se espraia.<div>
Passa rápido, passa zunindo e quase sem fazer barulho.</div>
<div>
E falta tempo.</div>
Gabriela Rodrigues.http://www.blogger.com/profile/13772277000158069143noreply@blogger.com0